Duke Nukem Forever - Análise

Por Shinichi Izumi Em 13:23 0 comentários


Foram catorze anos de espera, com quatro estúdios e algumas centenas de pessoas envolvidas na produção, mas o dia chegou: Duke Nukem Forever deixou o mundo dos vaporware e finalmente se materializou. A pena é que, definitivamente, essa espera não valeu. Nem um pouco.

Duke Nukem Forever se passa doze anos após os eventos de Duke Nukem 3D. O herói está em sua mansão, curtindo a fama e jogando seu próprio jogo, mas os velhos aliens com focinho de porco aparecem para ameaçar a paz na Terra e capturar as garotas.

Os problemas aparecem logo de cara: o jogo é feio. Gráficos não são tudo, mas há muito serrilhado (fizemos a análise utilizando a versão do Xbox 360) e algumas texturas são horríveis quando vistas de perto - acreditem, um PlayStation 2 não só faria melhor como faz melhor em jogos como TimeSplitters ou qualquer Medal of Honor. De quebra, o modelo de Duke é desproporcional em relação aos objetos e o cenário (e dá para perceber ao olhar o herói nos espelhos espalhados pelos banheiros do game). Faltou cuidado, e muito, até porque alguns personagens não controláveis estão ali petrificados, sem qualquer função ou movimento.

Mas vamos esquecer os gráficos e nos concentrarmos no jogo em si. Além de enfrentar os inimigos, o jogador enfrentará os controles. E a imprecisão impera: mesmo mirandoe atirando nos inimigos, a detecção dos tiros é ruim, e a mira é “dura” - mesmo diminuindo a sensibilidade, fica difícil acertar os caras maus. A movimentação é travada - nem o grandalhão Big Daddy controlado em BioShock 2 é tão durão assim.

Acostumando e relevando as falhas nos controles e tendo paciência com os loadings longos, sobra a aventura em si. Mas, diferentemente de Duke Nukem 3D, que tinha muito tiroteio e, no meio disso tudo, as clássicas missões de encontrar itens, aqui o negócio é andar muito, resolver puzzles e enfrentar algumas hordas de inimigos. A parte ruim é que você anda muito, depois enfrenta os inimigos, e depois anda mais um bocado sem encontrar ninguém pela frente. Aí fica claro que foram anos de produção desconexa juntados em um game só. A sensação é que nada dali foi realmente finalizado para entrar no produto final.

O game é repleto de minigames, como o pinball, que até divertem. Os pequenos extras como poder tomar cerveja e usar esteróides também se esforçam para trazer aquele clima de Duke Nukem para o ano de 2011. É triste que o pouco de inspiração usado para criar estas diversões paralelas não tenha se extendido para o resto do jogo.

Aliás, uma falha grave em se tratando de um game com “espírito anos 90” é o fato de Duke (inspirado pelos jogos de tiro mais modernos) só poder carregar duas armas por vez. Seria mais grave ainda se o jogador não descobrir que a pistola, teoricamente a arma mais fraca do jogo, é geralmente mais eficiente que as armas à laser dos aliens. De qualquer forma, não conseguir carregar sete ou oito armas de uma vez é um atestado de rendição aos tempos atuais para Duke Nukem.

Talvez nem o próprio Duke tenha gostado da decisão de levar apenas duas armas de cada vez, mas se dá para tirar algo sobre isso, é a simbólica conclusão de que Duke precisou imitar os jogos de tiro atuais para se reinventar. E não deu certo, porque o que sobrou disso é simplesmente muito ruim.

Não faz sentido o pobre Duke fazer piadas com jogos da Valve ou falar que “não curte colecionar keycards”. Após este jogo, Duke perdeu suas credenciais de poder tirar sarro de jogos com Portal e Doom.



O triste é que também não faz sentido analisar ou tratar Duke Nukem Forever como um jogo old-school ou pertencente à década de 90. Turok: The Dinosaur Hunter, por exemplo, saiu em 1997 e não tem nada das modernidades que vemos hoje em Call of Duty ou Halo. É um jogo com mecânica quase arcaica e texturas verdes e marrons por toda parte, mas que pode ser jogado numa boa hoje em dia porque foi muito bem feito na época. O mesmo se aplica a GoldenEye 007, Perfect Dark e TimeSplitters, apenas para citar três antigões que ainda são bons.

Duke Nukem Forever é diferente: o game é ruim e quebrado. É ruim de jogar, é ruim de gráfico, é ruim de jogabilidade. Seria ruim se saísse desse jeito em 2005, seria ruim se saísse desse jeito em 2001, e seria ruim se saísse desse jeito em 1998. É simplesmente um trabalho mal feito. Bem mal feito, por sinal.

O modo multiplayer, que serviria para render alguma vidá útil a mais ao game, oferece o básico do básico, com três modos de jogo (deathmatch, team deathmatch e um capture de flag com garotas no lugar da baneira) e um sistema de evolução por níveis de experiência. Como a engine e os problemas de controles e gráficos são os mesmos do modo campanha, não espere muita coisa.

Alguns jogos são melhores na lembrança, e vale a reflexão: será que a série Duke Nukem é mesmo digna de todo esse alarde, apenas porque Duke Nukem 3D foi muito bom? E será que o próprio Duke é um herói tão carismático assim?

Se Duke Nukem Forever tem algum valor, é o de ser um clássico entre os vaporwares. É parte da história do mercado de games, e definitivamente é um game que povoou a mente dos fanáticos por jogos de tiro por catorze anos. Mas se fosse para sair assim, era melhor nem ter saído.

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