LEGO Pirates of the Caribbean - Análise

Por KAKÁ Em 13:53 0 comentários

Em retrospetiva, a série LEGO tem conseguido marcar um estilo próprio, particularmente em jogos de aventura inspirados em licenças de filmes como Star Wars, Indiana Jones, ou Harry Potter. Na minha modesta opinião, esta aproximação tem resultado muito melhor do que os históricos jogos de qualidade duvidosa que saíam imediatamente após um grande filme no cinema.

É neste momento que a minha consciência me obriga a dizer, exceção feita a Goldeneye 64, obrigado Rare. Ok continuando, com o lançamento do quarto filme dos Piratas das Caraíbas, por Estranhas Marés, a Traveller's Tales aproveitou para adicionar este franchise à sua série de paródias LEGO, com um jogo que retrata as aventuras do pirata Jack Sparrow de uma forma única e claro, com imensos momentos de humor.

LEGO Pirates of the Caribbean: The video game, segue a linha narrativa dos filmes dos Piratas das Caraíbas, Curse of the Black Pearl, Dead Man's Chest, At the World's End, e o recente On Stranger Tides, com os característicos bonecos de Lego a substituir as estrelas dos filmes. Como nos anteriores jogos da Lego inspirados em filmes, se quiserem seguir a história a melhor opção é mesmo verem os filmes. A ação do jogo centra-se nos seus principais momentos, com quatro episódios, cada um deles dedicado a cada filme, mas não faz quase nada para explicar quem é quem, nem os porquês dos acontecimentos. As cut-scenes estão visualmente agradáveis, no entanto, também não ajudam muito para a compreensão da história. Servem como introduções aos níveis e concentram-se no humor para manter o jogador interessado. Um dos momentos épicos que não resisto em partilhar é quando Jack pega numa guitarra, saca um forte riff de rock enquanto imita o famoso Duck Walk de Chuck Berry, celebrizado também por Angus Young dos AC/DC.

A aventura principal dividida entre quatro episódios é relativamente curta, cerca de 5 a 6 horas no máximo, mas oferece alguma variedade de experiências de jogabilidade. Duelos, combate com espada, plataformas, colecionar Studs (os pequenos encaixes LEGO), construção de estruturas e objetos LEGO, batalhas entre navios, e até uma gaiola redonda que controlamos a rebolar, que parece ser feita de ossos e faz imaginar o quão épico seria uma versão Lego de Katamari.

Durante o jogo vamos tendo acesso a vários personagens jogáveis, cada um com uma série de habilidades únicas. Por exemplo o Pirata Jack Sparrow utiliza a sua pistola para acertar em vários alvos com um único disparo, Will Turner tem uma espada que pode também ser atirada contra objetos à distância, um carpinteiro para reparar estruturas em Lego, ou até mesmo um cão que pode ser usado para escavar túneis que permitem aceder a áreas específicas. O desafio passa por escolher o personagem adequado para ultrapassar cada desafio. Podemos trocar entre eles a qualquer instante. O meu favorito é claro o pirata Jack Sparrow, que retrata de forma exagerada mas super engraçada a sua peculiar forma de correr, com os braços semi-abertos cambaleando para a frente e para trás, como se estivesse permanente embriagado.

Existem duas áreas fundamentais fora dos níveis, as docas (docks), e o porto (port). As docas são a área principal da aventura, através delas podemos aceder aos níveis dos quatro episódios dos filmes. À medida que vamos completando os níveis em modo story, eles ficam disponíveis nas docas para serem repetidos em modo free Play. Este aspecto permite aumentar a longevidade do jogo, já que podemos utilizar os novos personagens que tivermos ganho até então, e assim aceder a novas áreas dentro de cada nível, inacessíveis da primeira vez que jogamos.

O porto por sua vez funciona como um hub principal, algo familiar para quem jogou algum dos títulos Lego anteriores. Dentro do porto temos acesso à Tailors Shop, utilizada para criar o nosso próprio pirata. A Tavern, uma loja onde podemos comprar personagens, extras, ou apenas pequenas dicas para o jogo. Por último a Souvenir Shop, onde podemos ver os modelos que tivermos desbloqueado até então.

O combate nesta versão portátil padece de uma terrível falta de profundidade, e funciona de duas formas distintas. Primeiro numa espécie de duelo onde temos que carregar continuamente num botão até encher uma barra, seguido de um momento em que temos que pressionar rapidamente um dos quatro botões principais da consola, conforme o jogo indicar (conhecidos por quick-time events). Precisamos repetir isto até o inimigo cair, aborrecido, lento, e demasiado simples. Em segundo temos o combate tradicional, muito pouco a dizer aqui, apenas carregando num botão vamos desferindo golpes com a espada até ao inimigo cair. Importa referir que não interessa quantos adversários temos pela frente ao mesmo tempo, enquanto concentramos os nossos golpes num inimigo, ele será o único a ripostar, os outros ficarão apenas quietos à espera da sua vez. De um modo geral o combate é tão simples, que morre se revela uma tarefa quase impossível.

Graficamente esta versão é um pouco inferior à das consolas caseiras, ainda assim, visualmente é muito agradável, fiel ao estilo dos jogos Lego. O efeito 3D funciona muito bem, e permite salientar os aspectos mais importantes dos ambientes. Apesar de não acrescentar valor durante as cut-scenes, é bastante útil por exemplo durante as cenas em que temos que saltar entre plataformas. Ser capaz de ver mais detalhadamente a profundidade do ambiente, torna os saltos mais fáceis de calcular, ainda que a câmara continue fixa. Julgo que ainda não representa tudo que a Nintendo 3DS será capaz de oferecer em termos de valor acrescentado aos jogos com plataformas, mas ainda assim, o 3D é uma mais-valia neste caso particular, esta versão é mais interessante com o 3D ligado.

A música assume um bom padrão de qualidade tendo em conta que foi retirada diretamente dos filmes. Os sons limitam-se aos tradicionais grunhidos no lugar das vozes dos protagonistas. Tal como nos anteriores jogos Lego, os personagens não têm vozes e apenas emitem sons, o que por vezes representa uma divertida forma de comunicação. Afinal, os brinquedos não falam.

A principal falha desta versão portátil de Piratas das Caraíbas é a ausência de um modo cooperativo (co-op), que tão bem funcionou nas versões das consolas caseiras noutros títulos Lego. Assim, todo o ambiente agradável e divertido desta versão acaba por se resumir a uma experiência demasiado simplista, onde nem a execução dos combates e plataformas, nem os puzzles oferecem grande desafio. Aliás, apesar de divertidos, alguns puzzles são tão simples que julgo nem merecerem a denominação de puzzle.

Para compensar a ausência de um modo co-op, LEGO Pirates of the Caribbean: The Videogame permite utilizar a o sistema StreetPass para criar o nosso próprio pirata e travar duelos com quem se atrever a atravessar o nosso caminho. Se por acaso a nossa consola detetar alguém com uma 3DS com este jogo, as duas irão para a batalha automaticamente. Esta funcionalidade é ao mesmo tempo engraçada e artificial. Se é verdade que bater nos piratas de outros é extremamente gratificante – yarrr! O facto de funcionar automaticamente, e não termos qualquer controle sobre o sistema é algo que pouco contribui para o enriquecimento do jogo.

De um modo geral, esta versão portátil de Piratas das Caraíbas é um bom jogo, cheio de momentos memoráveis para quem conhece os filmes, e ainda com algumas referências carregadas de humor. Ainda que tenha bastantes incentivos para prolongar o tempo de jogo, a aventura é demasiado curta, e fundamentalmente vazia de desafio. Se és um fã dos filmes ou dos jogos da Lego, o jogo promete vários momentos de nostalgia, ainda que em termos de gameplay não traga nenhuma novidade significativa. Para os restantes, LEGO Pirates of the Caribbean: The Videogame vale por ser um jogo com um aspecto adorável, um ritmo bastante rápido, e pouco mais.

5/10

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